domingo, 17 de setembro de 2017

Tango, uma cultura popular

Nunca é demais lembrar que em tempos de censura, em toda história, os governos autoritários se esforçaram por silenciar aqueles que não comungavam de suas posições e ideias. Isso também atingiu o Tango, inclusive no período de 1930 até 1943.
Inicialmente, a maioria das letras dos Tangos possuíam muitas palavras em Lunfardo, que vem de Lumbardo, ou seja “ladrão”, uma gíria, originalmente, utilizada por ladrões, que, posteriormente, estendeu-se para a classe baixa e media baixa, mas nunca para classe aristocrática e culta.
Assim, no ano 1931, José Félix Uriburu ordenou mudar o título do Tango de Cobián e Cadícamo “La casita de mis viejos” para “La casita de mis padres”.
Também ocorreu com El bulín de la calle Ayacucho, que mudou para Mi cuartito feliz. El ciruja, passou a ser El recolector. Shusheta, recebeu o novo nome de El aristócrata. Yira, Yira mudou para Camina, camina. Que vachaché para Qué vamos a hacerle. Chiqué passou a El elegante. O tango Chorra quando dizia “chorra, vos tu vieja y tu papá” teve que mudara para “ladrona, tu padre y tu mamá”.
Contudo, por mais ilógico que pareça, muitos tangos não sofreram tal censura prévia.
Talvez, porque existisse uma crença de que os censores, aristocratas, em sua maioria, não os escutavam.
Horácio Petrossi faz uma crítica, em Aquaforte, 1931: “…Un viejo verde que gasta su diñero/ Emborrachando a Lulú con el champan/ Hoy le negó el aumento a un pobre obrero/ Que le pidió un pedazo más de pan”.
Celedonio Flores com Pan, em 1932: “Sus pibes se mueren de frio/ y lloran nhambrientos de pan…/ cachó la Barreta…Resuelto a robar…/ Un vidrio, unos gritos, auxilio, careras/ un hombre que llora y un cacho de pan.
Isso não impediu a censura posterior, como com Mario Batistella, 1933, Al Pie de Santa Cruz: “Declaran la huelga,/Hay hambre en las casas,/ Es mucho el trabajo/ Y poco el jornal;/ Y en ese entrevero/ De lucha sangrienta,/ Se venga de un hombre / La ley patronal”. A letra passou para: “Corría la caña/ y en medio del baile/ la gresca se armó./ Y en ese entrevero/ de mozos compadres/ un naipe marcado/ su audacia pagó.”.
Contudo, com a aparição de La Fusiladora, no ano de 1955, se estabeleceu uma política de segregação contra esta cultura popular, quando começaram a perseguir o povo com o estado de sítio, combatendo-se as expressões populares. O estado de sítio reinante impediria as reuniões de mais de duas pessoas, com o qual os bailes populares, principalmente as milongas (bailes de Tango), se viram ameaçados pela proibição reinante (mediante o decreto-lei 21329 del 9 de junho de 1976).
Assim, tentaram reprimir o Tango pelo seu caráter popular, o qual possuía uma forte crítica social.
Alexandre Schwartz Manica

quinta-feira, 2 de março de 2017

<div class="fb-video" data-href="https://www.facebook.com/TaniraGraeff/videos/10210607244810141/" data-width="500" data-show-text="true"><blockquote cite="https://www.facebook.com/TaniraGraeff/videos/10210607244810141/" class="fb-xfbml-parse-ignore"><a href="https://www.facebook.com/TaniraGraeff/videos/10210607244810141/"></a><p>#contest via Ripl.com</p>Publicado por <a href="https://www.facebook.com/TaniraGraeff">Tanira Graeff</a> em Quarta, 22 de fevereiro de 2017</blockquote></div>

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Yo no sé qué me han hecho tus ojos - 2003




8 h
YouTube
Francisco Canaro não era muito bem visto em sua época. Era outro tempo, de códigos de honra e de moral. Pirincho tem uma quantidade enorme de tangos de sua autoria. Sempre teve muito dinheiro, porque foi presidente de sindicato de artistas. Com poder econômico, comprou muitas músicas de autores em dificuldades nas épocas de crise. Existe um documentário cujo título é esse vals que publico. Ele foi escrito para Ada Falcón, uma cantora que, após fazer sucesso, desapareceu do cenário artístico. Não vou contar o final dessa estória, odeio "spoilers". Canaro tinha fama de ser mulherengo. Sempre que danço lembro que, por trás dessa letra, existiu uma mulher e um homem e uma história de amor e também de dor. Vejam o filme! 

sábado, 3 de dezembro de 2016

San Pugliese

Ontem foi o aniversário de Osvaldo Pugliese, um ídolo, um gênio. Tinha
multidões de adoradores e não é para menos. Sua obra fala por si. Foi um expoente da escola Decareana e pintou com excelência e brilhantismo cada tema. Foi fundador de uma cooperativa de músicos e incentivava os membros de sua orquestra a comporem. Esteve preso muitas vezes por suas convicções políticas, mas sua orquestra nunca o abandonou. Viveu o que acreditava. Ensinou música na cadeia. Quando não podia apresentar-se, colocavam uma rosa no piano, para lembra que sempre estava. Deixo um link da Televisión Pública argentina. 
Bailemos Pugliese!

http://www.tvpublica.com.ar/articulo/san-pugliese-cumpliria-111-anos/

terça-feira, 15 de novembro de 2016

A estrela Dalva

Dalva de Oliveira foi considerada a rainha da voz e chamada de O Rouxinol do Brasil. Tinha uma extensão vocal que ia do contralto ao soprano. A minissérie sobre ela omitiu muitos fatos que dariam vários tangos pela dramaticidade e tragédia pessoal que representaram em sua vida. Em meados dos anos 1950, excursionou pela Argentina, apresentando-se na Rádio El Mundo, de Buenos Aires, na qual conheceu Tito Climent, que se tornou seu empresário e depois marido, pai de sua filha. 

Viveu em Buenos Aires só retornando em 1963, mas lá gravou, com sucesso, alguns tangos com a Orquestra de Francisco Canaro, logo editados no Brasil, entre os quais "Lencinho Branco", que foi muitíssimo executado. Fazem parte de sua discografia Os Tangos Mais Famosos na Voz de Dalva de Oliveira (1957), Tangos (1961), Tangos - Volume II (1963) e La romantica Dalva de Oliveira (Argentina) (1966), com tangos e boleros.


Ela tinha a voz, o drama e a emoção à flor da pele. Cantou em Londres na festa de coroação da rainha Elizabeth II.


No dia 30 de agosto de 1972, às 17h15, aos 55 anos, Dalva de Oliveira veio a óbito.


A morte da cantora comoveu o Brasil. Debaixo de uma chuva fria, milhares de pessoas compareceram ao Teatro João Caetano, no centro do Rio de Janeiro, onde o corpo foi velado. 

A vigília durou 17 horas, com uma fila enorme de amigos, familiares, artistas, políticos, todos querendo prestar a última homenagem. Quando o corpo foi retirado do teatro, mais de trinta mil pessoas, aglomeradas na Praça Tiradentes, acenavam os seus lenços.

O cortejo levou duas horas para atravessar a cidade do Rio de Janeiro e chegar ao cemitério Jardim da Saudade. Como Dalva de Oliveira previra, a cidade e o seu povo pararam. Meio milhão de pessoas espalharam-se pelas calçadas dos bairros por onde o cortejo passou para despedir-se.

Com vocês, a Estrela Dalva

https://youtu.be/7oPfTAq4GcA

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

"Canilla"

Dia 07 de novembro foi o dia do jornaleiro na Argentina. Lá os vendedores de rua de jornal são chamados de "CANILLITAS". Contam que em primeiro de janeiro de 1.898, o Diario La República começou a ser distribuído nas ruas de Rosário por um grupo de meninos que levava o jornais embaixo do braço e gritava: "La República a medio peso", Esse fato foi uma grande novidade, pois os jornais,até então, eram distribuídos pelo correio, por assinatura,ou no local de impressão.

O chefe de redação era Florêncio Sanchez. Ele viu um desses meninos trabalhando com calças curtas que eram anteriores a seu crescimento, o que fazia aparecer as canelas magras e fracas. Inspirado nessa cena, criou uma obra teatral cujo o personagem principal era um deles.

A obra foi representada pela Companhia de Zarzuelas com tanto exito, que permanceu em cena por doze dias. Na primeira cena o personagem cantava o seguinte estribilho:

“Soy canillita / gran personaje / con poca guita / y muy mal traje”. A obra se entitulava "canillita".
Isso me fez lembrar do tango "Para Vos, Canilla", de autoria de  Horacio Quintana e Julio Martín. Esse foi o primeiro tema que gravou o cantor Rubén Juárez e marcou o começo de sua brilhante história como cantor.

O mais interessante é que esse êxito aconteceu numa época em que o tango não estava entre as preferências musicais. Falo do ano de 1.969. Por isso, mais valor adquire esse fato. 

O tango é como as marés, sofreu épocas de vazante e outras de ressaca. Mas ele sempre seguiu fascinando, com sua magia bruxa.


Ei-lo:


Manos laburantes moldearon tu arcilla,
mezcla milagrera de obrero y gorrión,
quien nace diariero morirá canilla,
cumpliendo en la vida la ley del pregón.
Por vos Buenos Aires se despierta al alba,
colgando en el aire sus trapos al sol,
sos el estribillo de un tango que arranca
allá entre las teclas de una redacción.

Canilla
quien peina canas diarieras
habra soñao cien quimeras
que el tiempo hizo mil astillas.
Canilla
peleando la vida a gritos
ganaste un kilo de amigos
que tu parada acaudilla.
Hermano
la noche me dio un barato
pa’ estar en tu esquina un rato
y evocar con tu pregón
una leyenda sencilla
que cuenta como a un canilla
la vida lo hizo gorrión.

Pegao a tu silbo anda siempre un tango,
hijo de la noche que se arrima a vos,
porque sabe en fija que tiene un amigo
en todos los sitios donde hay un pregón.

domingo, 6 de novembro de 2016

Vale assistir um  recente show:

Nobleza de arrabal, dirigido por Eduardo Bertoglio, onde a cantora e atriz Jana Purita percorre o repertório de Nelly Omar, evocando histórias e anedotas de sua vida.

Nobleza de arrabal será realizada em Nivangio (Colombres 946) e também terá a presença de cantores convidados como Dolores Solá (5/11), Patricia Andrade (12/11), Neli Saporiti (19/11) e Julia Calvo (26/11 ).
Eis a protagonista. Diretamente do site de Fractura expuesta.